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Antes de renovar concessão, CCR alega prejuízo de 800 mil/dia na 163


Conforme balanço trimestral da empresa, nos nove primeiros meses do ano passado o prejuízo foi de R$ 216,9 milhões
Cobrança de pedágio na BR-163 começou em setembro de 2015, depois que 10% da rodovia foi duplicada. Depois disso as obras pararam Por: Soares Filho | 12/01/2024 18:28

Apesar do reajuste de quase 17% no valor do pedágio em agosto do ano passado e prestes a assinar o contrato para estender por mais 15 anos a concessão para a administrar BR-163, a CCR MSVia alega que fechou os primeiros nove meses de 2023 com prejuízo líquido de R$ 216,9 milhões, o que equivale a R$ 803 mil por dia. 

Os dados fazem parte do balaço relativo ao terceiro trimestre de 2023, publicado pela própria empresa. E esse suposto prejuízo está longe de ser um fato isolado. Em 2022, nos primeiros nove meses, as contas fecharam no vermelho em R$ 206 milhões.

Somente no terceiro trimestre do ano passado (julho, agosto e setembro) as perdas chegaram a R$ 80,4 milhões, conforme o balanço. E metade deste período já foi contemplado com o reajuste de 16,82% nas tarifas, que entrou em vigor a partir de 18 de agosto. 

E por conta deste aumento, o faturamento com a cobrança feita nos nove postos de pedágio cresceu 11,6%, chegando a R$ 48,48 milhões em três meses. Em igual período do ano anterior, a receita havia sido de R$ 43,45 milhões com a cobrança da tarifa.

Embora alegue que está recebendo suporte financeiro da holding CCR, o fato de estar operando no vermelho não significa que a empresa esteja tirando dinheiro do bolso para manter a rodovia em condições de tráfego. 

O balanço revela que, em decorrência de aditivos assinados ao contrato original, a CCR tem direito ao pagamento R$ 1,036 bilhão de indenização do poder concedente, que é o governo federal, somente relativo a 2022. 

Esse valor, porém, está sendo renegociado porque possivelmente a empresa vai renovar o contrato de concessão que em setembro 2024 completa dez anos mas que deve se estender por mais 35 anos. Somente com relação ao terceiro trimestre do ano passado a empresa diz ter R$ 198 milhões a receber da União.

Mas, o último balanço divulgado ao mercado não faz qualquer menção a essa possível revonação, que chegou a ser anunciada para ocorrer ainda em dezembro do ano passado, mas que não se confirmou. Segundo as últimas informações prestadas pelas autoridades estaduais, ainda falta o aval de um ministro do Tribunal de Contas da União para que a repactuação seja formalizada. 

As principais explicações para o assustador prejuízo de R$ 803 mil por dia são os juros e a depreciação do patrimônio, conforme informações constantes no balanço. Como a empresa praticamente não fez investimentos ao longo de 2023, o fluxo de caixa deixa claro que o negócio é atrativo. 

O custo com pessoal, um dos principais de qualquer empresa, por exemplo, foi de R$ R$ 12,3 milhões no terceiro trimestre, ante faturamento superior a R$ 48 milhões com a cobrança de pedágio. 

Além do aumento no valor da tarifa, o crescimento da circulação de caminhões decorrente do aumento nas exportações é outro fator apontado para melhora no faturamento. Mas esse aumento também gerou crescimento nos acidentes, de 27%. No segundo trimestre de 2022 haviam sido 380 e no terceiro trimestre do ano seguinte foram 484. 

Porém, alega a empresa, o índice de mortalidade caiu 8% no terceiro trimestre do ano passado, sem citar a quantidade de óbitos. Conforme a PRF, a quantidade de mortes subiu 20,7% de 2022 para o ano seguinte, passado de 53 para 64. Estes números referem-se apenas às mortes ocorridas no local do acidente. 

A reportagem do Correio do Estado procurou a assessoria da CCR MSVia para que ela detalhasse a origem dos supostos prejuízos, mas até a publicação da reportagem não havia obtido retorno. Se houver explicações, elas serão acrescentadas à reportagem. 

CORREIO DO ESTADO



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