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Novo modelo de transporte deve levar 1 ano para ser elaborado


Para o arquiteto e urbanista Ângelo Arruda, consultoria para alterações deve vir acompanhada de medidas que incentivem os motoristas a deixarem seus carros em casa
Em dias de chuva, população se abriga embaixo dos pontos de ônibus - GERSON OLIVEIRA Por: Soares Filho | 23/01/2024 13:47

A discussão, a pesquisa e a elaboração de um novo sistema de transporte público para Campo Grande levariam mais de um ano para serem concluídas. Isso porque seria necessário contratar uma empresa especializada nesse tipo de consultoria para diagnosticar os problemas e as necessidades e apontar o caminho a ser seguido, conforme o arquiteto e urbanista Ângelo Arruda.

A informação veio após matéria do Correio do Estado mostrar que o governador Eduardo Riedel (PSDB) declarou, em entrevista exclusiva, que o governo do Estado está disposto a oferecer ajuda à Prefeitura de Campo Grande para resolver o problema do transporte coletivo na cidade, por meio da criação de uma nova modelagem de serviço.

Segundo o governador, o Estado emprestaria a sua expertise em modelar parcerias com a iniciativa privada para viabilizar investimentos a partir de estudos factíveis, o que poderia resultar no rompimento do atual modelo de contrato existente com o Consórcio Guaicurus.

Para Ângelo Arruda, a ideia de uma mudança no transporte público é importante porque o atual formato não tem acompanhado as mudanças pelas quais a cidade passou.

“A cidade sofreu ajustes e adaptações a partir do modo de vida do cidadão. Houve uma evolução de renda e de vida e muita gente saiu à procura de outro modal para se locomover, como a motocicleta, o que já criou outro problema. Então, houve uma mudança sociológica, e o transporte não acompanhou essa evolução. Ao mesmo tempo em que se perde qualidade, o cliente não quer mais andar de ônibus”, explica o arquiteto e urbanista.
Segundo ele, se o governo quiser mesmo investir nessa mudança, um caminho seria a contratação de empresa especializada em diagnosticar os deficits do transporte para então encontrar uma solução. Porém, apesar de ser o caminho mais recomendado por ele, esse tipo de mudança não aconteceria do dia para a noite.

“É um assunto complexo, porque, primeiro, a consultoria precisaria fazer um diagnóstico do transporte da cidade, isso demora um ano, porque é feito em todos os meses do ano, para o acompanhamento de quantidade de passageiros, que sofre mudanças mensalmente em razão de férias, festas e outras variáveis. Depois desse diagnóstico, são feitas as proposituras do que pode ser feito, com cenários, inclusive a longo prazo, do que deveria ser feito”, detalhou.

“Não há uma saída mágica para saber a medida mais viável, se vai ser o BRT [da sigla em inglês bus rapid transit, ônibus de trânsito rápido em português], onde e como vai funcionar, só fazendo esse levantamento”, completa o arquiteto e urbanista.

Essa consultoria, segundo Ângelo Arruda, custa cerca de R$ 10 milhões, o mesmo valor que no ano passado foi destinado pelo governo do Estado para o Consórcio Guaicurus como forma de subsidiar a passagem gratuita dos estudantes da Rede Estadual de Ensino (REE).

OUTRAS MUDANÇAS

Além das mudanças no formato do transporte público, o arquiteto e urbanista ressalta que outras alterações também devem ser feitas para que os passageiros voltem a usar o transporte coletivo. Entre eles, o incentivo para que os motoristas deixem seus veículos em casa e se locomovam de transporte público.

“Campo Grande está abarrotada de motos e carros e é necessário criar soluções para esses problemas também.  Essas três coisas andam paralelas, criar corredores para as motos, criar políticas públicas de incentivo para que as pessoas consigam deixar seus veículos em casa e estudar o que é preciso fazer com o transporte público”, declarou Ângelo Arruda.

Uma das alternativas apontadas pelo arquiteto e urbanista é utilizar os canteiros das avenidas como caminho para que o BRT passe por ali.

No caso do veículo leve sobre trilhos (VLT), a dificuldade seria maior, aponta o profissional, porque seria necessário implantar novamente os trilhos na cidade.

CONCESSÃO

Atualmente, o transporte público de Campo Grande é administrado por quatro empresas, a Viação Cidade Morena, a Viação São Francisco, a Jaguar Transportes Urbanos e a Viação Campo Grande. Juntas, elas criaram, em 2012, o Consórcio Guaicurus, que venceu a concorrência para explorar o serviço por 20 anos.
Ao longo desses quase 12 anos de concessão, as brigas constantes entre concessionária e poder concedente – no caso, o Município de Campo Grande – marcam o acordo.

São dezenas de processos entre as partes, com acusações mútuas de quebra de contrato – o qual não foi rompido. A última briga ocorreu em virtude da tarifa de ônibus. O consórcio solicitava reajuste do valor até outubro de 2023, porém, este foi congelado por decisão judicial até o julgamento final do mérito. 
A reportagem procurou a prefeitura para falar sobre a oferta do governo do Estado em relação ao novo modelo, mas não obteve retorno.

 

CORREIO DO ESTADO



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