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Saca da soja desvaloriza 33% e safra recorde deve derrubar mais os preços


Em maio de 2022, 60 kg da oleaginosa eram comercializados a R$ 175 em Mato Grosso do Sul, atualmente, o valor é de R$ 117
A safra de soja 2022/2023 registrou marca histórica de 15 milhões de toneladas colhidas em Mato Grosso do Sul - GERSON OLIVEIRA Por: Soares Filho | 26/05/2023 13:35

O preço da saca de soja com 60 kg caiu mais de 30% no intervalo de um ano e se aproxima dos valores praticados em 2020. Com a colheita recorde anunciada em Mato Grosso do Sul, a tendência é de que a desvalorização seja ainda maior. 

Em maio de 2022, 60 kg da oleaginosa eram comercializados a R$ 175,44, enquanto ontem, no mercado físico estadual, conforme dados da Granos Corretora, a saca era negociada a R$ 117 – queda de 33%. Os preços se aproximam dos praticados em 2020, quando os valores variavam entre R$ 95 e R$ 105. 

Na safra 2022/2023 foram colhidas 15 milhões de toneladas de soja no Estado, a maior marca já registrada. “O mercado já esperava esse volume elevado e se adiantou na precificação do grão”, afirma o economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Staney Barbosa Melo.

O economista disse em entrevista ao Correio do Estado que a produção histórica do grão em MS impacta diretamente os valores médios praticados atualmente. 

Ainda de acordo com ele, os novos dados da colheita certamente servirão de fator motivador na pressão para a queda nos preços do produto. 

“Trata-se de um movimento natural do mercado quando a oferta é maior do que a demanda. Se o mercado precificar os novos dados, podemos esperar um pouco mais de queda nos preços do mercado físico da soja aqui no Estado”, conclui Staney Melo.

A coordenadora econômica da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), Renata Farias, diz que, além da oferta elevada de grãos, o cenário político-econômico de real valorizado e taxa de juros elevada também influencia.

“Há uma pressão do mercado para comercialização do grão, em vista de armazéns cheios e uma safra de milho em andamento”, pontua a especialista.
O que pode mudar o cenário é a instabilidade do clima, que ainda não aponta para o uma safra plena nos Estados Unidos. 

SAFRA

Encerrando a safra de soja 2022/2023 acima de 15 milhões de toneladas, Mato Grosso do Sul obteve aumento de 72,65% na produção, na comparação com ciclo passado. Os dados foram divulgados na terça-feira pelo Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga MS).

Além da produção histórica, o relatório também destaca aumento na área plantada e na produtividade. Em termos de comparação, foi identificada elevação de 7% na área plantada, com 4 milhões de hectares. 

Já a produtividade média apontada pelo levantamento é de 62,44 sacas de soja por hectare, representando ampliação porcentual de 61%. Tal resultado ultrapassou a previsão realizada no lançamento da safra, em setembro de 2022, fixada pelos especialistas inicialmente em 3,7 milhões de hectares de área plantada, o que resultaria em cerca de 12 milhões de toneladas e produção média de 53,44 sacas por hectare. 

Em análise do cenário do cultivo do grão em Mato Grosso do Sul, a Famasul destaca o período chuvoso como decisivo e forte aliado para obtenção dos resultados. Técnicas de manutenção desenvolvidas pelos produtores também foram citadas como fatores que contribuíram para alavancar a produtividade.

Para o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni, o resultado advém do empreendedorismo de “nossos produtores rurais, aliado a todo um pacote tecnológico que vem sendo desenvolvido pelas instituições de pesquisa para que o Estado supere barreiras da expansão em novas áreas”, explica.

O presidente da Aprosoja-MS, André Dobashi, ressaltou o trabalho realizado para obtenção dos dados. “Nossos técnicos do Siga MS conseguiram percorrer 77 municípios e auditar cerca de mil propriedades rurais”. 

“Isso é um avanço muito grande, mostra a importância do projeto, do mapeamento de ocupação de uso do solo, do acompanhamento e do desenvolvimento das safras de milho e soja em Mato Grosso do Sul, evidenciando a pujança que MS tem no cultivo de grãos”, conclui Dobashi. 

Aprosoja (Assessoria)



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