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Economia de Mato Grosso do Sul cresce o dobro da média nacional


PIB do País fechou o ano em 2,9%, e MS estima crescimento de até 6%; agropecuária puxou resultados positivos
Produção recorde, aumento das exportações e agroindustrialização impactam o bom desempenho da economia de MS - Foto: Gerson Oliveira Por: Soares Filho | 02/03/2024 14:25

 

O Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no País, cresceu 2,9% no ano passado, totalizando R$ 10,9 trilhões. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o resultado foi puxado pelo crescimento recorde da agropecuária, de 15,1%.

Apesar de os números do IBGE não terem recorte regional, a perspectiva local é o dobro do cenário nacional.

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) aponta que Mato Grosso do Sul tem crescimento estimado de até 6%.

De acordo com o titular da Semadesc, Jaime Verruck, os resultados recordes para a agropecuária, a agroindústria e as exportações fazem com que a estimativa indique novamente um aumento acima da média nacional.

“Temos a expectativa de que Mato Grosso do Sul deve ter um crescimento da ordem de 5% até 6%. Isso é uma estimativa nossa, decorrente desse crescimento nacional, e esse número deve se confirmar depois das contas regionais”, avalia Verruck em entrevista ao Correio do Estado.

Assim como no panorama nacional, MS também teve bons resultados no agronegócio. Conforme já publicado pelo Correio do Estado, a safra de soja 2022/2023 registrou recorde: foram 15 milhões de toneladas colhidas.

Na balança comercial, Mato Grosso do Sul também encerrou o ano passado com o maior saldo de toda a série histórica, quando atingiu um superavit total de US$ 7,56 bilhões (R$ 36,9 bilhões).

“Puxado pelas exportações, com recorde na balança comercial, tivemos também uma recuperação da safra de soja, um incremento na produção de celulose no Estado, principalmente a questão da expansão de eucalipto. Então, é essa a força da agroindústria e da agropecuária, permitindo que a gente consiga novamente ter um crescimento acima da média nacional”, ressalta o titular da Semadesc.

O mestre em Economia Eugênio Pavão reforça que Mato Grosso do sul, além da forte presença na produção, hoje também se destaca com grandes investimentos na agroindustrialização.

“A atração de investimentos grandiosos no setor florestal consolida a internacionalização do PIB de MS. Então, temos uma economia agroexportadora e pujante”, comenta.

Conforme Verruck, o crescimento da economia do Estado veio com base sólida em 2022 e superou as expectativas em 2023, e o cenário deve se repetir para este ano.

“Acreditamos que realmente MS cresceu acima da média nacional no ano passado, e que a gente espera que tenha essa perspectiva para este ano também”, afirma.

Doutor em Administração, Leandro Tortosa também reforça que o crescimento local tem se destacado no comparativo com a média nacional.

“Para o PIB de Mato Grosso do Sul, principalmente, eu acredito que vá ter um resultado positivo, também por conta de uma safra recorde de grãos que nós tivemos, na soja e no milho. Então, quando sair algum dado, ainda que seja parcial de MS, é muito provável que a gente veja também um crescimento”, corrobora.

A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, explica que o resultado recorde da agropecuária, superando a queda apresentada em 2022, teve influência do crescimento da produção e do ganho de produtividade da agricultura.

“Esse comportamento foi puxado muito pelo crescimento de soja e milho, duas das mais importantes lavouras do Brasil, que tiveram produções recordes registradas pelo LSPA [Levantamento Sistemático da Produção Agrícola]”, especifica.

 

SETORES

Ainda de acordo com o IBGE, houve crescimento também na indústria (1,6%) e em serviços (2,4%). Já o PIB per capita alcançou R$ 50.194, um avanço, em termos reais, de 2,2% em relação a 2022.

Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais (SCNT), divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE.

Além do agro, outra influência positiva no resultado do PIB de 2023 foi o desempenho das indústrias extrativas. A atividade teve alta de 8,7%, por conta do aumento da extração de petróleo e gás natural e de minério de ferro.

Destaque também para eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, com alta de 6,5%.

“Houve condições hídricas favoráveis, e a bandeira verde vigorou durante todo o ano passado. Além disso, o fenômeno climático El Niño aumentou a temperatura média, impactando o consumo de água e energia”, justifica Rebeca.

Em serviços, todas as atividades tiveram crescimento, com destaque para atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados intermediação (6,6%).

“As empresas seguradoras tiveram um ganho comparando os prêmios recebidos em relação aos sinistros pagos”, explica a pesquisadora.

Tortosa corrobora, salientando o crescimento do setor terciário em Mato Grosso do Sul.

“O setor de serviços também veio muito forte e contribuiu bastante em relação a 2023, principalmente por conta dessa recuperação pós-pandemia. Isso porque o Estado tem a segunda maior taxa de ocupação do Brasil, a quarta menor taxa de desocupação, e nós temos aí o PIB. Quando a gente tem uma aferição do PIB, mesmo que parcial, [observa-se que MS] é um dos estados do Brasil que mais cresce”, conclui.

A pesquisa do IBGE ainda aponta que, em relação ao quarto trimestre de 2022, o PIB avançou 2,1% no último trimestre do ano passado, o 12º resultado positivo consecutivo. A agropecuária registrou estabilidade, enquanto a indústria avançou 2,9% e a de serviços cresceu 1,9%.

“Todo o crescimento da economia no ano passado veio do que a gente chama de economia real, com a expansão do agronegócio, com preços internacionais favoráveis e também com um nível de exportação extremamente favorável e um bom consumo interno. Então, esses fatores fizeram que a gente tivesse um crescimento do PIB”, conclui Verruck. 

 

O último dado oficial divulgado pelo IBGE mostrou que, em 2021, o PIB de Mato Grosso do Sul chegou ao valor de R$ 142,2 bilhões, alta nominal de 15,96% em comparação com os R$ 122,6 bilhões registrados em 2020. 

 

 

CORREIO DO ESTADO



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