Locais suspeitos de funcionarem como fábricas clandestinas e usinas ilegais de bebidas alcoólicas são fiscalizados durante a Operação Alquimia, deflagrada na manhã desta quinta-feira (16). Em Mato Grosso do Sul, as ações se concentram em Dourados, Campo Grande e Caarapó, cidades onde equipes buscam identificar a origem de substâncias utilizadas na produção irregular.
A ação é feita por agentes da Polícia Federal, Receita Federal, ANP (Agência Nacional do Petróleo) e do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária).
A investigação apura uma cadeia de falsificação de bebidas com metanol, substância altamente tóxica, que tem causado mortes e casos de intoxicação em várias partes do país. O objetivo é rastrear o caminho do metanol, confirmar se há ligação entre os materiais apreendidos hoje e amostras já analisadas pela Polícia Federal e pela ANP.
A coleta de elementos e amostras ocorre em 24 empresas, incluindo atuantes do setor sucroalcooleiro, importadores e distribuidores de metanol.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, Mato Grosso do Sul tem quatro casos de intoxicação por metanol em investigação. As vítimas apresentaram sintomas após o consumo de bebidas supostamente adulteradas. Em todo o Brasil, o Ministério da Saúde já confirmou oito mortes, sendo seis em São Paulo e duas em Pernambuco.
As equipes envolvidas também recolhem amostras para análise no INC (Instituto Nacional de Criminalística), em Brasília, que vai cruzar os resultados com laudos anteriores para mapear a rota do produto ilegal.
Desdobramento - A Operação Alquimia é um desdobramento das operações Boyle e Carbono Oculto, que revelaram um esquema de adulteração de combustíveis com metanol. Há fortes indícios de que esse combustível adulterado esteja sendo utilizado na fabricação clandestina de bebidas alcoólicas, configurando uma cadeia de irregularidades com alto potencial de risco à saúde pública.
A Operação Boyle foi conduzida para apurar possíveis casos de adulteração de combustíveis por meio da utilização de metanol. A partir da análise do material apreendido, surgiu a Operação Carbono Oculto.
A Operação Carbono Oculto revelou um esquema que consistia na compra de metanol importado por empresas químicas regulares que o repassavam a empresas de fachada. Essas, por sua vez, desviavam o produto para postos de combustível, onde o metanol era adicionado de forma ilícita à gasolina comercializada ao consumidor final.
Alvos - As empresas selecionadas para as coletas de elementos e amostras foram escolhidas com base no potencial de envolvimento na cadeia do metanol, desde a importação da substância até sua possível destinação irregular. Entre os alvos estão importadores, terminais marítimos, empresas químicas, destilarias e usinas.
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