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Déficit de armazenagem em Mato Grosso do Sul supera 11 milhões de toneladas e acende alerta no campo


Estudo da Aprosoja mostra que capacidade de estocagem não acompanha avanço da produção agrícola
Silo para armazenamento de grãos Por: Soares Filho | 16/10/2025 17:25

Com uma produção média de soja e milho que ultrapassou 22 milhões de toneladas nos últimos cinco anos, Mato Grosso do Sul enfrenta um déficit de armazenagem superior a 11 milhões de toneladas, segundo estudo da Aprosoja/MS com base em dados da Conab e do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (SIGA/MS).

A capacidade instalada atual é de 16,4 milhões de toneladas, diante de uma necessidade estimada de 27,5 milhões, conforme parâmetros da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura). O resultado é uma defasagem de 67,8%, que obriga muitos produtores a vender a safra logo após a colheita, sem poder aproveitar melhores preços.

Entre 2014 e 2025, a capacidade de armazenagem cresceu 82%, passando de 9,01 para 16,39 milhões de toneladas. No mesmo período, a produção aumentou 69%, saltando de 17,23 para 29,11 milhões de toneladas. Apesar disso, o déficit total subiu 54%, alcançando 12,72 milhões de toneladas em 2025. O maior desequilíbrio ocorreu em 2023, com déficit recorde de 21,23 milhões de toneladas, impulsionado por uma safra excepcional.

Segundo o secretário de Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, o cenário representa uma oportunidade de investimento para produtores, cooperativas e indústrias.

“O Governo de Mato Grosso do Sul tem direcionado esforços para estimular a armazenagem em propriedades rurais, especialmente por meio de linhas de crédito como as do FCO, que oferecem prazos longos e juros competitivos — aspectos cruciais para viabilizar esses projetos”, destacou o secretário.

Verruck defende ainda a retomada de linhas de financiamento específicas do BNDES, voltadas à construção de armazéns.

“Atualmente, a construção de armazéns com recursos baseados na taxa Selic inviabiliza economicamente o empreendimento”, comentou.

O estudo revela que 73 dos 78 municípios do Estado têm déficit de armazenagem. Maracaju, principal produtor de grãos, lidera com 1,32 milhão de toneladas em déficit, enquanto Dourados é uma das poucas cidades com superávit, somando 2,35 milhões de toneladas. Apenas cinco municípios concentram 49% da capacidade total de armazenagem, embora respondam por 38% da produção estadual.

Capital News



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