Discussão sobre políticas públicas para pessoas trans terminou com uma revelação na Câmara Municipal de Campo Grande. Durante a sessão desta terça-feira (8), a vereadora bolsonarista, Ana Portela (PL) revelou pela primeira vez, em plenário, que é lésbica e casada há 11 anos com Larissa Alves de Souza. A fala foi resposta ao vereador Jean Ferreira (PT), que acusou a bancada do PL de preconceito durante o debate sobre uma cartilha criada para orientar o atendimento de saúde a homens trans que desejam engravidar.
Apesar de se posicionar contra o que chama de “militância identitária”, Portela acabou se tornando a primeira parlamentar mulher da atual legislatura a assumir publicamente uma relação homoafetiva na Câmara de Campo Grande.
“Todo mundo aqui sabe, todos nossos colegas sabem: eu sou casada há 11 anos com a Larissa Alves de Souza e eu não sou preconceituosa. Não preciso usar essas pessoas como massa de manobra”, disse Portela no plenário. “Antes de ser casada com a Larissa, eu sou Ana Portela, sou filha, tenho pai e mãe, e não sou minoria. Não é nós contra eles”, completou, criticando o que chamou de tentativa de separação identitária promovida por colegas de esquerda.
A discussão começou durante a análise da cartilha “Cuidando com Respeito - Gestação de Homens Trans e Transmasculines”, elaborada por entidade de defesa do público trans com o objetivo de orientar profissionais de saúde e ampliar o acesso a cuidados adequados à população trans em Mato Grosso do Sul.
O material virou reportagem no Campo Grande News e a consequência foi polêmica nas redes sociais, com vídeo do vereador Andrè Salineiro (PL) reclamando da cartilha.
A vereadora, que também é filiada ao PL e se apresentou como a única candidata oficialmente apoiada por Jair Bolsonaro em Campo Grande, disse que nunca escondeu sua orientação sexual, inclusive, durante a campanha. Em entrevista após a sessão, Portela reforçou sua posição: “Precisa acabar com esse paradigma de que a direita é preconceituosa. Eu fui a única candidata do presidente Bolsonaro aqui em Campo Grande, e ele sabe com quem eu vivo. Eu nunca escondi isso”, afirmou.
Na avaliação dela, o que eu faz na vida particular é problema de cada um, apesar de questionar o material desenvolvido para pessoas trans. "Nunca usei isso como bandeira, nem como massa de manobra. Antes de qualquer coisa, eu sou a Ana Portela, com pai, mãe, formação, e nunca me considerei inferior por ser casada com uma pessoa do mesmo sexo”, disse a vereadora.
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