O mercado imobiliário de Mato Grosso do Sul segue em trajetória de retração no volume de financiamentos habitacionais com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).
Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) enviados ao Correio do Estado mostram que, entre janeiro e junho deste ano, foram financiadas 2.069 unidades no Estado, somando R$ 698,5 milhões.
O montante representa queda de 23,6% em relação ao mesmo período de 2024, quando os financiamentos chegaram a R$ 914,9 milhões, e redução ainda mais acentuada em relação a 2022, quando os valores superaram R$ 1,29 bilhão.
O principal fator que explica a retração é o patamar elevado da taxa básica de juros (Selic), que encarece o crédito imobiliário e afasta potenciais compradores. O economista Wagner Bertoldo explica que o objetivo da taxa de juros é conter o consumo e, consequentemente, a inflação, de modo geral.
“Então, essa contenção do consumo também abrange bens duráveis, não só o consumo das pessoas físicas em produtos e serviços. Então, afeta o investimento em bens duráveis, ao passo que restringe, desestimula a financiar através do financiamento de bancos”.
Os dados da Abecip apontam ainda que o primeiro semestre deste ano foi o pior dos últimos seis anos para o financiamento imobiliário no Estado. No primeiro ano da pandemia, em 2020, foram 2.395 unidades e R$ 569,820 milhões.
Em 2021, foram contratados R$ 1,13 bilhão via SBPE, em 4.496 unidades. No ano seguinte, o volume disparou para R$ 1,29 bilhão, distribuído em 4.531 imóveis financiados. Já em 2023, a cifra recuou para R$ 936 milhões, em 3.236 contratos.
No ano passado, houve leve recuperação, com R$ 914 milhões liberados para 2.931 unidades. Neste ano, porém, o movimento de queda voltou com mais força, e o montante foi 46% menor que o de 2022.
O diretor do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul (Creci-MS), Luiz Gomes Dias, destacou os efeitos para o consumidor. “Com os juros mais altos, o crédito fica mais caro, o valor total financiado sobe e a parcela mensal pode pesar mais no orçamento”.
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